KryptoLatam: Navegando pelo Mundo das Criptomoedas na América Latina

Introdução

Na arena digital, os ativos criptográficos brilham como pioneiros de uma nova era, desafiando normas estabelecidas. Das regiões mais ao sul aos cantos mais ao norte, milhões de latino-americanos e cidadãos do Caribe optam por esses ativos como uma alternativa moderna e vantajosa para gerenciar suas finanças. A América Latina enfrenta desafios econômicos significativos, marcados por uma pronunciada lacuna de riqueza, conforme dados do Banco Mundial.

A disparidade econômica, exacerbada por fatores como trabalho informal e pobreza, gera frustração, violência e desconfiança nas instituições governamentais. Nesse contexto, a indústria de criptomoedas emerge como um agente transformador, visando democratizar o acesso aos serviços financeiros. Essas moedas digitais descentralizadas oferecem transações rápidas, seguras e transparentes, desafiando sistemas tradicionais que não atendem às necessidades da população latino-americana.

Regulação de Criptomoedas na América Latina

Uruguai: Em 2018, a Câmara Uruguaia de FinTech formou uma Comissão de Criptomoedas para estabelecer um quadro regulatório específico. Em dezembro de 2022, um projeto de lei para regular criptomoedas foi aprovado pela Câmara dos Deputados, aguardando promulgação sob a supervisão do Banco Central do Uruguai (BCU). O projeto inclui provedores de serviços de ativos virtuais sob supervisão do BCU, impondo requisitos obrigatórios para empresas de criptomoedas.

Brasil: Em 2022, o Brasil promulgou a Lei Bitcoin, tornando-se um dos poucos países com regulamentações específicas. Ela cria uma agência federal para regular empresas de criptomoedas e concede licenças para “serviços virtuais”. A Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CMV) supervisionará ativos digitais considerados como títulos. Provedores de serviços têm 180 dias para cumprir e só podem operar com autorização do governo.

Bolívia: Em 2014, a Bolívia tornou-se o primeiro país da América Latina a proibir criptomoedas, citando a falta de estruturas regulatórias e riscos associados. O Banco Central da Bolívia reiterou a proibição várias vezes até 2022.

México: Em 2018, o México promulgou a Lei Fintech, obrigando o Banco do México a regular criptomoedas. A lei não restringe os provedores de serviços de criptomoedas, mas estabelece requisitos para instituições financeiras que utilizam a tecnologia.

Paraguai: Em 2021, o Senado aprovou um projeto de lei para regular criptomoedas, visando segurança legal e fiscal. No entanto, foi vetado em 2022 e posteriormente arquivado devido a dissensões no Congresso.

Peru: O Congresso peruano debate o projeto de lei do Marco de Marketing de Ativos Cripto. Embora não proíba as operações com criptomoedas, há um vácuo legal em sua regulamentação, e entidades estatais alertam sobre riscos e lavagem de dinheiro.

Equador: Em 2022, o Equador promulgou a Lei Fintech para fornecer segurança legal a empresas de tecnologia financeira, excluindo criptomoedas do texto final por medo de desestabilizar o sistema financeiro.

Colômbia: Em 2021, a UIAF emitiu uma resolução obrigando as bolsas a relatar transações. Em 2022, a Câmara Baixa aprovou um projeto de lei para conceder autonomia aos usuários de ativos cripto e estabelecer regulamentações para as bolsas.

Chile: Em 2023, o Chile promulgou a Lei Fintech para regular serviços financeiros, incluindo criptomoedas. A Comissão do Mercado Financeiro (CMF) supervisionará a conformidade, estabelecendo obrigações para empresas de tecnologia financeira.

Panamá: No Panamá, um projeto de lei de criptomoedas busca regulamentar bitcoin e ether, propondo seu uso como método de pagamento global. Após modificações e vetos, continua sendo um tema de debate e crítica.

Venezuela: Em 2018, a Venezuela sancionou um decreto para regular criptomoedas, criando entidades como a SUNACRIP. Em 2022, a Lei Fiscal foi reformada para tributar operações envolvendo criptomoedas.

El Salvador: Em 2021, El Salvador tornou-se o primeiro país a aceitar o bitcoin como moeda oficial através da Lei Bitcoin, estabelecendo regulamentações e medidas complementares para o ecossistema.

Argentina: Apesar da falta de regulamentação central, a Argentina impõe impostos sobre criptomoedas e exige relatórios. Em 2022, um projeto foi apresentado para declarar ativos não divulgados.

Honduras: Neste ano, Honduras adotou o bitcoin como meio de pagamento e liquidação.

Fatores Favoráveis à Aceitação de Criptomoedas na América Latina.

De acordo com o coinmap, atualmente, Brasil, Argentina, Colômbia e Equador estão entre os países com maior adoção de criptomoedas.

Problemas de Inflação: A região enfrenta uma inflação generalizada, diminuindo o apelo das moedas fiat convencionais. Criptomoedas, com sua oferta limitada, mostram-se mais resistentes à inflação. Em países como Venezuela, com inflações superiores a 10.000%, criptomoedas surgem como opção mais atraente para preservar valor e realizar transações.

Instabilidade Política: Criptomoedas oferecem um meio de armazenar valor sem estar sujeito à intervenção governamental. A instabilidade política é uma característica comum na região, e em alguns países como Venezuela e Nicarágua, o governo confiscou as economias dos cidadãos. Criptomoedas oferecem uma maneira de contornar esse risco, pois não são controladas por nenhuma entidade governamental.

Inclusão Financeira: Criptomoedas podem oferecer oportunidades para aqueles sem acesso aos serviços financeiros convencionais, permitindo-lhes participar da economia. A inclusão financeira é um desafio na América Latina, onde aproximadamente 50% da população não tem acesso a contas bancárias. Criptomoedas proporcionam uma alternativa para realizar transações financeiras sem a necessidade de uma conta bancária. Esses fatores impulsionaram o interesse e a adoção de criptomoedas na região latino-americana, fornecendo soluções para os desafios econômicos e políticos enfrentados por muitos de seus habitantes.

Benefícios da Adoção de Criptomoedas na América Latina

Melhoria na Qualidade de Vida para Usuários: Adotar essas moedas para sistemas de troca representa um cenário de acesso livre onde, não estando vinculadas à economia ou política de um país, podem ser transferidas para qualquer pessoa ou entidade em qualquer lugar do planeta instantaneamente; é uma moeda global.

Oportunidades de Negócios: Criptomoedas oferecem oportunidades de negócios devido à sua volatilidade; seus preços podem variar significativamente de um dia para outro, proporcionando um ativo de alto risco com retornos elevados.

Descentralização: Ao contrário de moedas tradicionais, criptomoedas são “descentralizadas”, significando que não são regulamentadas por nenhum órgão governamental. Elas operam 24 horas por dia em diferentes bolsas globais.

Transparência em Transações: Transações e operações com criptomoedas são registradas em um livro-razão compartilhado que fornece informações precisas ao remetente, garantindo segurança e confiança para operações contínuas.

Redução de Custos de Infraestrutura: Os custos de infraestrutura para bancos poderiam diminuir de US$ 15 a 20 bilhões até 2022, redirecionando esse dinheiro para melhorar mecanismos digitais e implementar modelos em larga escala. Considerando que mais de 20% das empresas de serviços financeiros são Fintech, melhorar suas condições é altamente necessário pós-pandemia.

O Crescimento das Empresas de Criptoativos na América Latina

Em meio ao “boom global de transações digitais”, as plataformas de criptoativos na América Latina e no Caribe experimentaram um crescimento significativo, mais que dobrando desde 2016 e alcançando mais de 170 empresas ativas até 2022, segundo um relatório do Cambridge Centre for Alternative Finance (CCAF) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O documento, intitulado “Ecossistema de Criptoativos na América Latina e no Caribe”, destaca que essas empresas estão se transformando em provedores abrangentes de tecnologia financeira (fintech), atendendo como balcões únicos para investidores, consumidores e empresas. O relatório, baseado em respostas de 52 empresas do setor privado e 31 instituições públicas na região, observa que aproximadamente 100 empresas têm suas sedes operacionais ou organizações-mãe estabelecidas na América Latina.

Quanto à distribuição dessas empresas fintech de criptoativos na região, o relatório enfatiza sua natureza desigual, embora haja uma concentração nos centros econômicos do Brasil (15), Argentina (11) e México (10). Além disso, destinos exóticos como Ilhas Virgens Britânicas e Ilhas Cayman também aparecem na lista de países onde empresas de criptoativos foram estabelecidas, provavelmente devido aos benefícios fiscais que oferecem a essas entidades.